quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Super Bull

Super Bull vira fiasco no Paraná: 4 dias de protesto!


Primeiro dia de manifestações
Super Bull vira Super Fool

A primeira noite: quinta-feira, 03/11

Ativistas exibindo faixas e usando megafone
Antes mesmo de que as estruturas metálicas para confinar os animais e as arquibancadas para o público estivessem montadas, a organização do torneio de montaria Super Bull – rodeio que utiliza touros e cavalos – recebeu seu primeiro golpe: foi proibido pela Justiça. Marcado para iniciar na quinta-feira dia 03/11, ainda no dia 31/10 a Justiça suspendeu todas as provas de montaria em touros, pois segundo a juíza que despachou a liminar, foi constatado que estas provas submetem os animais à práticas de abuso e maus tratos, crime previsto por legislação ambiental. A cidade de Pinhais havia, inclusive sido escolhida porque a legislação da capital, Curitiba, não permitiria.

Galera em peso para a manifestação
O Super Bull, patrocinado pela Brahma Country recebeu de Onca o apelido de Super Fool / Brahma Cruelty. De forma bem humorada, ‘Super Fool’ procura expressar como faz um papel ridículo o sujeito querer demonstrar coragem ou valentia dominando animais já domesticados, confinados e subjugados através de diversos instrumentos, além de correr o risco físico numa atitude que não requer qualquer habilidade esportiva nem artística.
Apesar da Legislação brasileira favorável à que a proibição fosse mantida, os organizadores recorreram da decisão judicial e, na última hora conseguiram liminar liberando o uso dos apetrechos para realizar o rodeio.

Pessoas visualizando os banners e cartezes
A liberação do evento não levou em conta até mesmo um laudo veterinário sobre a prática de montaria utilizada no evento emitido pela Universidade Federal especialmente para o juízo da questão e deixava evidente a situação de maus-tratos a que os animais são submetidos neste tipo de uso. O laudo atestava que “à luz de diagnóstico médico veterinário de bem-estar animal, as provas de montaria de touros e quaisquer outras que submetam os animais a situações de violência física e psicológica para a diversão do ser humano constituem maus-tratos e crueldade.”. E completava: “Além do sofrimento real vivenciado pelos animais que participam diretamente do rodeio, existe um problema adicional grave trazido pela diversão que envolve crueldade. A habituação ao sofrimento alheio torna a sociedade menos propensa a desenvolver relações harmoniosas com os animais e entre os seres humanos.”

Segundo dia de manifestações e já com reforços!
Independente do que fosse a decisão judicial, o Onca se preparava para estar na estréia do evento. E na quinta-feira, dia 03/11, a partir das 17h30, a Sociedade protetora dos Animais de Curitiba, representantes de outras entidades, voluntários independentes e ativistas do Onca se uniram e realizaram uma manifestação bem ao lado da entrada do evento. Portando banners com fotos de cenas de rodeios, cartazes e faixas, os manifestantes apelavam a todos os que passavam pelo portão que assistissem às apresentações musicais mas não ao espetáculo com animais. Uma faixa resumia: “Respeito aos animais” e uma outra, gigante, dizia: “Tortura não é diversão”.

Informando todos que passavam
Todos exibindo no peito adesivos de ‘proibido rodeio’ e dirigidos sempre por uma voz no megafone, os ativistas gritavam frases como: “Rodeio: tortura!… Pinhais: vergonha!”, além de musiquinhas que, apesar da ironia e humor não tiraram a seriedade da ação: “Rodeio não pode ser cultura. Amarre suas ‘bolas’ e sinta o que é tortura!”, entre outros tons bem humorados que ajudaram a enfrentar a noite de muito frio.
Havia aqueles que passavam xingando e pronunciando palavras de baixo calão, mas em geral, quando passavam dentro de carros, já acelerando para entrar. Repetidos casos de rapazes que passavam alegando que eram estudantes de Veterinária, e que os manifestantes nada entendiam de Veterinária. Mas não tinham mais argumentos quando algum ativista lembrava sobre o laudo emitido pela Universidade Federal do Paraná e recentemente divulgado na imprensa.

Ativistas entregando panfletos informativos
Enquanto isso, a receptividade a favor do protesto foi bem maior do que se esperava. Foi enorme a quantidade de pessoas que paravam ou passavam afirmando apoio, alegando que tinham ido ao evento movidas pelas apresentações musicais, que não se interessavam pela exibição dos animais e que seria possível se divertir sem a presença deles. Muitos apoiadores, inclusive, pediam para colar os adesivos e entravam ao evento os exibindo no peito. Foi impressionante a cena de caubóis, com chapéus e botas típicas, entrando pelo portão exibindo os adesivos com o desenho de um touro montado por peão sob o símbolo de proibido!

Ativista entregando material
“Eu vim aqui para ver o show do Jorge e Mateus e conheci o Onca e apóio esse movimento. É isso aí, boicotem o rodeio porque isso é uma crueldade com os animais! Nós também somos animais e não queremos que nos façam mal; assim é com eles.”, foi o apoio de Denner, que passou pelo protesto e parou para parabenizar os manifestantes.
“A gente concorda com o trabalho do Onca”, disse Carlos, falando por um grupo de seis pessoas que também pararam para elogiar a iniciativa. “A gente só veio pra curtir o show do Jorge e Mateus, nada mais. Nada com rodeio, nada com maus-tratos a animais. A gente odeia isso.”, disse Leuri, que estava no grupo de amigos. Sua amiga Cris confirmou mesma opinião e em voz unânime todos concordaram com ela.

Todos pelo fim da exploração animal!
Um bom número de pessoas afirmava que teria ido apenas em razão das apresentações musicais ou porque haviam ganhado os ingressos através de sorteios em rádios ou tevê.
As atividades do dia foram encerradas quando já passavam das 23h, com um movimento de pessoas quase nulo.

A segunda noite: sexta-feira, 04/11

No dia seguinte, sexta-feira, 04/11, mais uma derrota para a organização do evento: a Justiça novamente proibiu a realização do uso dos apetrechos: cintas, cilhas e barrigueiras, esporas, choques elétricos e mecânicos, o que torna as provas impossíveis de serem realizadas, afinal, sem que sintam dor os animais não saltariam com a força e altura que saltam. Além do proibitivo, não havia tempo hábil para que os organizadores recorressem judicialmente ainda naquele dia.

Terceiro dia manifestação com muita força!
Como conseqüência, os organizadores decidiram prosseguir com o evento mesmo desobedecendo a ordem judicial, e as provas foram realizadas mesmo de forma ilegal.
Na entrada do local, no entanto, novamente os ativistas se mostraram presentes, a partir das 19h, com novos participantes integrando o coro de protesto. Desde a chegada, os ativistas panfletavam a todos os que transitavam, com um panfleto criado exclusivamente para o evento, que continham referências da proibição da Justiça e do laudo veterinário emitido pela Universidade Federal do Paraná, com fontes publicadas na imprensa, além da Legislação brasileira relacionada à maus-tratos e abusos a animais e suas penas.

 Tortura não é diversão!

E em mais uma noite a receptividade das pessoas chamou a atenção, dando apoio a ação do protesto. Os trabalhos foram encerrados mais uma vez já após as 23h, com a queda do movimento.

A terceira noite: sábado, 05/11

No sábado, dia 05/11, os trabalhos foram retomados novamente na entrada do evento a partir das 19h, todos já preparados para o frio que vinha fazendo naquelas noites. Os ativistas do Onca haviam passado a tarde toda em uma manifestação em Curitiba, no Marumby Expo Center, contra o comércio de animais. Ainda outros haviam cooperado na Mostra Animal, mostra de cinema com temática voltada a causa animal, numa parceria com o grupo de Curitiba da Sociedade Vegetariana Brasileira e também foram se juntar ao protesto.
Novos integrantes do Onca na luta

Pela segunda vez a organização havia conseguido de última hora a liberação dos objetos usados para atormentar os animais. Mas a atividade de panfletagem e abordagem ao público continuou. As faixas, placas, banners e cartazes completavam a cena para atrair a atenção de todos os que cruzavam a entrada do Expotrade Convention Center Pinhais. “Nem arte nem cultura, rodeio é tortura!”, continuava protestando o megafone, com um coro que repetia “Tortura!”. Vozes ao megafone também informavam sobre as proibições anteriores da Justiça e sobre Legislação relacionada à maus-tratos, como a Lei Nº 9.605, Artigo 32.

Acadêmicos que vieram protestar contra os maus-tratos

Nesta noite a reportagem da Rede Massa, afiliada da emissora SBT, esteve presente, entrevistando e registrando detalhadamente o protesto, com suas faixas, banners e cartazes.
E mais uma vez, a ação se encerrou quando já se passavam das 23h. Mas o público do dia havia sido bem inferior ao do dia da estréia.

A quarta noite, para encerrar: domingo, 06/11

Pessoas vendo a outra face dos rodeios

No domingo dia 06/11, para encerrar a ação no Super Fool Brahma Cruelty mais uma vez o Onca esteve presente, com a Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba e outros voluntários, já bastante satisfeitos pelos resultados até ali. Desta vez, a partir das 16h, os manifestantes se fizeram presentes, retomando os trabalhos, exibindo as faixas, cartazes e banners e panfletando carro a carro que entrava. Novamente, muitos deles afirmavam apoio e pediam para ganhar um adesivo ‘proibido rodeio’ para estampar no peito antes de entrar no evento.

Ativistas gritando pelo fim da exploração!

“Eu particularmente gosto de rodeio, mas depois que eu tive a explicação do pessoal [dos manifestantes] eu acho que nós deveríamos proibir sim o uso dos touros. Nós podemos nos divertir, mas deixar os animais com sua natureza.”, disse Everton, que fez questão de se aproximar, perguntar sobre as razões do protesto e que saiu elogiando a ação do grupo.

Organizadores filmando e fotografando materiais

“Vim no rodeio no Expotrade, conheci o grupo Onca e descobri a partir deles que a gente pode se divertir sem sacrificar os animais. Sou a favor da causa do Onca.”, disse Diego, que também parou para conhecer de perto a ação que estava sendo realizada pelos manifestantes.
Noite após noite, o grupo passava a ser conhecido por comerciantes ao redor, que incentivavam a ação. No último dia, então, até mesmo o rapaz que vendia chapéus na entrada do evento, num momento de silêncio ao redor, foi ouvido cantando as musiquinhas que foram cantadas durante os dias anteriores.

Queremos o fim dos rodeios agora!

“É o quarto dia que eu estou aqui e é verdade, maltratam os bois. Eles maltratam o boi para ele ficar nervoso. Eu tenho ingressos de graça, mas eu só venho para ver o show. Eu não quero ver rodeio, só quero ver o show. De que adianta o boi ter ração boa, ser penteado todo dia, mas está trancado ali. A vida dele é viver trancado ali dentro. E depois, puxam a corda só pra ver o boi pulando e derrubar o peão. Isso é coisa de louco. Quero pra mim que proíbam isso. O show pode ter, mas proíbam o rodeio.”, disse Pedro Paulo, que fez questão de se aproximar para elogiar o trabalho do grupo, dizendo que vira o protesto durante os 4 dias e admirava a dedicação pela causa.

Quarto dia de protestos

Neste quarto dia, que foi também a “final”, o movimento já decadente dia após dia foi ainda maior. Os cambistas vendiam entradas a preços bem inferiores e muitos comerciantes já haviam ido embora. No entanto, para encerrar definitivamente com sucesso o trabalho, os ativistas, mesmo cansados da “maratona” de atividades da semana, ainda permaneceram no frio até as 22h do domingo. Mais do que o cansaço, a sensação do dever cumprido compensou os esforços de todos.

Tortura não é diversão!

O princípio dos Direitos Animais:

Algumas pessoas procuram defender práticas de exploração animal alegando que os animais são bem tratados. Organizadores e pessoas que vivem às custas da exploração dos animais de rodeios alegam: “os animais são bem alimentados”… “eles descansam em pasto quando não estão competindo”… “recebem acompanhamento veterinário”… Primeiramente vale lembrar que, se um evento do porte do Super Bull chega a ser proibido por duas vezes pela relação de suas práticas com os maus-tratos, então temos também que admitir que qualquer outro evento semelhante mas de menor porte não terá as condições necessárias para ser aprovado. No entanto, para os Direitos Animais a questão não se limita a estas discussões. Para o princípio dos Direitos Animais não importa quão bem os tratemos: os animais não existem para o nosso uso. Não existem para nos divertir, para nos servir, nem são propriedade, mercadoria ou objeto.

Financiadores passando na frente e tendo informação

Portanto, a primeira e maior violência que o animal sofre é a de estar ali, fora de seu habitat, de suas funções naturais, em ambiente e comportamento anti-natural pelo qual ele não optou e para o qual a natureza não o designou.
Em resumo: Não importa quão bem os tratemos, os animais não existem para nosso uso.

Cowboy sendo informado

Até o fim!

Publico indo para o evento, mas ouvindo: "RODEIO NÃO É DIVERSÃO! AMARRE SUAS BOLAS E SINTA A EMOÇÃO!"

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